DUENDE DO QUARTO
Duende, onde estás, que não te vejo?
Te rastreio, dou uns beijos,
tateando sem a mão.
Tu que te perdeste
como me perco agora,
me distraindo da missão.
De cima do seu balãozinho,
tristes teus caminhos,
da chapada pra prisão.
Na ponta de nylon, na prateleira,
qualquer tentativa suicida
não é asneira: livraria a solidão.
Três vezes foste ao chão,
sem sucesso, muito vivo!
e foi recolocado em seu balão.
E então novamente pendurado,
todinho machucado,
com saudades do capão!
Pra ti um minuto é eternidade,
toda realidade minha
pra ti em escala, proporção.
Naquele quarto estava preso,
em meio à escuridão,
da noite que não chegava.
E entrou então a luz tua,
que é nortuna mas não lua,
em forma de menina gigante!
Corpo: mundo de vagante,
e caminhaste por instantes
e não voltaste nunca mais!
Creio eu, que está perdido
no cabelo da menina.
Minha sina foi traçada,
hoje cisco, procuro em cada
partezinha daquele corpo
o meu amiguinho, vivo ou morto.