“OUVIR ROSAS”



Não é com opressão
Que se sabe da rosa como que do chão
Retira-se tanta suavidade e mansidão!

Também não se espreme a delicadeza da rosa
Para saber o segredo de viver em perfeita comunhão
Entre terríveis espinhos sem levar um arranhão!

Para se conseguir algo da rosa
Há de se chegar de mansinho e propor um dedo de prosa!
E na própria prosa, não ferir a delicadeza da rosa!

E não me vem dizer que não se fala com rosa,
Se um Parnasiano1 ouvia estrelas em longas noites de prosa,
Por que, estando tão próximo da rosa,
Com ela não se pode ter um dedo de prosa?


1. Uma referência a Olavo Bilac e seu poema Via Láctea
Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 19/09/2011
Código do texto: T3227685
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