O olho do urubu

Terra árida, cascalhada,

de serpentes e víboras.

Vagueia a cachorrada,

onde o gado é seco ou largado ao chão,

chifre sobre um esqueleto,

o couro corroído,

ninho de gavião.

Entre espinhos e cactos,

um gibão e o facão.

O sol sacramentando

a pele avermelhada,

boca rachada

em busca da

inexistente plantação.

Onde nasce a vontade

de vencer o sertão,

a sede e a insolação.

Atrás, o cão magro

acompanhando a fraca

desordenada criação

de cabras famintas.

Sinos no pescoço,

alertando o observador

que, à distância, acompanha

em olhos de urubu

o tombar das pequenas

fontes de alimentação.

Ludiro
Enviado por Ludiro em 19/12/2006
Código do texto: T322591
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