O olho do urubu
Terra árida, cascalhada,
de serpentes e víboras.
Vagueia a cachorrada,
onde o gado é seco ou largado ao chão,
chifre sobre um esqueleto,
o couro corroído,
ninho de gavião.
Entre espinhos e cactos,
um gibão e o facão.
O sol sacramentando
a pele avermelhada,
boca rachada
em busca da
inexistente plantação.
Onde nasce a vontade
de vencer o sertão,
a sede e a insolação.
Atrás, o cão magro
acompanhando a fraca
desordenada criação
de cabras famintas.
Sinos no pescoço,
alertando o observador
que, à distância, acompanha
em olhos de urubu
o tombar das pequenas
fontes de alimentação.