Culpa

Ainda consigo me lembrar

do cheiro que a cidade tinha

quando éramos apenas dois idiotas,

e caminhávamos pelas ruas cinzentas.

E era frio. Calmo como você está agora,

incapaz de dizer um adeus,

para esse outono nunca terminar.

Isso é conto de fadas,

é tudo o que teremos para lembrar

quando estivermos apenas sozinhos

cada um em seu quarto distante,

prestes a cortar os pulsos,

ou dar uma chance para as desculpas.

Estou testando o azar dos meus dias,

brincando com a passagem das horas,

sufocando a inocência das flores,

e alimentando os fins do esquecimento.