Páginas amareladas
Das cartas que escrevo e nem sinto
o sabor, a coragem o recinto,
Desenho letras cursivas e degustativas,
aos que leem recatados
em ondulações dúbias, contrárias.
Pontos, traças sabem mais de mim,
roubam meus interesses, opiniões.
Guardam cinzas misturadas ao alecrim,
jaz na linhaça e nos portões
de um todo, um quarto.
Nas linhas, debruço-me em erros,
vestígios silenciosos da laranjeira,
a qual nem cheirava suas pétalas.
As páginas amareladas na cabeceira,
rodopiando nuvens, chumbo, prata.
Sorriso e acenos em palavras,
derivadas e primitivas.
Nem bem posso fugir, aquecer,
mentiras fáceis demais...
Fotografias recortadas, coladas,
sem contraste, fugidias.
Mas, quero mesmo é vender,
todas essas cartas,
que não me deixam em paz.