" PEDRAS AO MAR"

PEDRAS AO MAR...

Ah!

Eu queria ter oito anos e construir o mundo...

Como ficou chato ser grande.

Como ficou medíocre se ter juízo.

Ah!

Eu queria ter oito anos para correr na praia

Contra o vento e marcar o mundo.

Com pés na areia molhada,

Formas assimétricas em quilômetros de brancura.

Ah!

Eu queria ter oito anos de espanto

Entre ondas que se espraiam

E as piruetas das socas espumantes,

Que abraçam barulhentas

A idade das vertigens!

Como são ridículas as normas,

Como são tolas as regras.,

As vírgulas, os pontos e vírgulas!

Como são burgueses os freios

Que nos distanciam das ondas, das socas galhofeiras!

....................................................

A cada instante colocam-se sinais;

Mesmo assim ninguém se entende!

Por que tenho que escrever

Para que todos aprovem,

Cartesianamente?

De qualquer forma, nada se alteraria!

Não me faria ter de novo oito anos!

Nem teria outra vez o sabor do primeiro beijo!

Nem a graça da inocência de fechar os olhos para acabar com escuro!

Não faria versos,

Nem pensaria no triste!

Ah!

Se eu tivesse oito anos voltaria ser menino...

Pingo de gente deseducado,

Sem vírgulas, pontos e vírgulas,

Entre socas de nada e a praia alva e pura.

Um menino. Isso mesmo... Só um menino!

Sem nome, sem sobrenome,

Sem codinomes,

A jogar pedras no mar!

03.07.60

Rona.

RONALDO TRIGUEIROS LIMA
Enviado por RONALDO TRIGUEIROS LIMA em 14/09/2011
Reeditado em 22/07/2012
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