Esquiando no Esquilo
Euna Britto de Oliveira
Interrogativa,
A cauda do esquilo está me perguntando
Se eu aceito esse direito
De pastorear palavras,
Retirá-las da minha lavra,
Do meu peito,
E agrupá-las do meu jeito.
Enquanto rói um coquinho
Num canto do pátio do Caraça,
O esquilo arisco observa,
Pronto para fugir,
Se alguém se aproximar!...
Enquanto escrevo um pouquinho,
Meu canto me desembaraça,
Minha memória desembaça
Do hálito dos dias passados
E eu bebo um pouco da taça
Que anestesia meus calos
E marcas de sangue pisado.
Arrisco fazer conserva,
Como se fosse de erva,
Dos risos que eu já ri,
Do pranto que destilei,
Do sério que equilibrei!
Faz tempo que saí da escola, Esquilo!
Mas não parei de aprender.
Aceito, sim, esse direito.
E dele faço um dever.
Não vou me esquivar!
Não vou correr...
Escrevo.