de música e de poesia1
Se eu fosse bicho,
queria ser humano.
Se eu fosse gente,
queria ser estrondo.
Se eu fosse espaço,
queria ser tamanho.
Mas eu sou o indefinível.
Sei que me interlaço
e sei que me perco
no emaranhado que são os pensamentos: meus e os alheios.
E ainda que eu queira
agir pelo não-agir
(pois as ações me incomodam e me aborrecem; me tumultuam e me entristecem),
eu flutuo por entrelinhas auditíveis
(mas invisíveis); ocultas
(mas acessíveis),
e procuro através do dia
algo de ultra-vermelho.
Mas tudo o que vejo são olhos.