INQUIETAÇÕES

Meus desassossegos me visitaram em casa,

Pra semear incertezas no meu coração,

Que está mais negro que a noite escura,

E todo infestado de inquietação.

Estou uma fera, encurralado e torto,

Sigo na estrada na contra mão,

Chutando pedra e cachorro morto,

Sou a própria guerra, faca na mão.

Meu pensamento é um vulcão interno,

Minhas emoções, puro escarcéu.

Sou noite fria de pleno inverno,

Me sinto abelha, sem fazer mel.

É que o mundo que eu olhei agora

Me indignou com seus desencantos.

Vi que jogaram nossos direitos fora,

Por isso a raiva adotou meu canto.

Os nossos gritos pra gerar mudanças

Não tiveram força e nem ressonância,

Ficando tudo como antigamente,

E o amanhã será ontem novamente.

Que minha fúria e indignação

Me sirva ao menos de purgação:

Não mudo o mundo, não mudo nada.

Mudar eu mesmo, eis a missão.

HAMILTON SANTOS
Enviado por HAMILTON SANTOS em 18/12/2006
Reeditado em 02/09/2007
Código do texto: T321876