INQUIETAÇÕES
Meus desassossegos me visitaram em casa,
Pra semear incertezas no meu coração,
Que está mais negro que a noite escura,
E todo infestado de inquietação.
Estou uma fera, encurralado e torto,
Sigo na estrada na contra mão,
Chutando pedra e cachorro morto,
Sou a própria guerra, faca na mão.
Meu pensamento é um vulcão interno,
Minhas emoções, puro escarcéu.
Sou noite fria de pleno inverno,
Me sinto abelha, sem fazer mel.
É que o mundo que eu olhei agora
Me indignou com seus desencantos.
Vi que jogaram nossos direitos fora,
Por isso a raiva adotou meu canto.
Os nossos gritos pra gerar mudanças
Não tiveram força e nem ressonância,
Ficando tudo como antigamente,
E o amanhã será ontem novamente.
Que minha fúria e indignação
Me sirva ao menos de purgação:
Não mudo o mundo, não mudo nada.
Mudar eu mesmo, eis a missão.