VERSOS DUROS

Eu queria saber escrever, e só hoje, fazer poesia,

Mas, só hoje. Com aqueles trechos que falam de dor,

Juro a vocês, que não haveria nenhuma melancolia,

Nem tão pouco os versinhos que embalam no amor.

Não usaria minha mente danosa e as tantas seduções,

Para citar os anjos e os pecados das minhas promessas,

Talvez, como os nobres que invocam alguns sermões,

Fosse tão verdadeiro, mas nobre, como falsos profetas.

Esses versos seriam consistentes, pois, seriam meus,

Celestiais como escrituras de um anjo, hoje, rebelado,

Tão fortes que dariam medo nos corações mais ateus,

Fraquejariam os textos do maior poeta vivo ou enterrado.

Trariam toda a energia do sentir nas palavras mais duras,

Destilariam tanto veneno que de ler a folha estremeceria,

E quando menos esperasse agarraria em suas mãos cruas,

E desejaria nunca ter lido, pois, outra dor não suportaria.

Mas, sofrearia. Eu não saberia ir e voltar, com tantos furos.

Lamento a mim mesmo, não ter fôlego, para subir até as curas.

E nem resistir ao sofrimento de não alcançar os versos puros

Não fui o provido de ares para suportar as maiores alturas.

Embora vague sordidamente, espero nunca mais me aparte.

Apoiado e perdido, na tormenta que devaneia a idéia calma.

Tento não acreditar nas mentiras que conto ao meu desastre,

Da poesia morta que, viveu hoje e outra vez, purificou a alma