ESBOÇANDO A UTOPIA
Uma sílaba
Um fragmento
Um eclipse
Um santuário
Onde a memória é reinventada
Sem deixar lacunas
Onde os sons e as palavras
Se encontram para vomitar a loucura
E contemplar o azul
Milagres e metamorfoses
No meio de uma frase
Simulando o óbvio
A antítese está em nós
Um pensamento torto
É melhor que um vazio
A realidade abre um precipício
Precisamos estar atentos
Para não cair nele
Os absurdos
Os imperscrutáveis caminhos do acaso
A realidade de alguma ausência
Nos deixando vulneráveis ao silêncio
O cúmulo de qualquer coisa
Qualquer coisa
Que seja maior que a memória
Que seja um arrepio, um balbucio
Um lugar-comum brilhando no meu pensamento
Um ponto de interrogação
Clareando a percepção da paisagem
Esboçando a utopia.