Cemitério
Desejas grama exuberante,
e lisa,
a terra que resta...
Queres cravos, rosas, lírios, buquês perfumados,
coroas enfileiradas fraseadas de humor
e elogios,
laços de fita de cetim...
Tu anseias por discursos, visitas – curiosas ou amigas - tanto faz!
Exiges tumba em mármore reto e limpo,
lápide de holocausto,
benção ecumênica!...
Pois,
se não revolves o húmus do esquecimento!...
Aliás, o arbusto da verdade não sangra cor ou
falsos milagres,
mas as velas,
acesas,
exalam dor.
E devias reparar o quanto dista
este recinto
do beco onde as almas se alargam!
Então!
Teu túmulo é ainda aberto;
as vozes que não ouves resistem
platônicas,
murmurantes,
como a esperar tua morte.
Morada Nova-CE, 14 de dezembro de 2006