RELÍQUIA

Choveram tantas noites
e quase dias de luas
famintas de percurso
magras de discurso

enfim, ancorei-me, já não
possuía nenhum vintém
ou vestígio de virtude
poucos anseios e
tão vagas esperanças

já que finda era pronta
exultante de reluzir e
cumprir, enxugada,
a meta de não querer.

Era assim. O vazio comemorado .
E por que seria o fim o esforço do princípio ?
saber era uma soberba de indolência em
convites cavas rasas de perdões e vinganças...

quase ancorei-me nesses dias pífios
nulos dos anos espremidos e espevitados
fátuos e fortuitos  longos e langorosos
estúpidos e tombados

Inesperados ou aguardados ?

Relíquia essa face
domada
de incipiente visão
e derradeira
margem pela estrada
visto o perigo
não mais estar
instruído dos meus gritos
e quem sabe não era eu
o covil dos ladrões
( por que deixou-se
perseguir o crucificado? )
Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 18/12/2006
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