Rocaille
Transitam desesperadamente os lacaios,
num vai e vem infernal e frenético,
rindo sensualmente de suas bobagens,
entendendo as metáforas do mundo
como verdades literais e definitivas.
Sobram os dois móveis elegantes,
que a tudo assistem e em nada crêem.
Eles são o que restou das curvas puras
de um Chippendale desconhecido,
de um tempo em que as luzes imperavam.
Agora casa de tolerância,
antes celebração do fim do divino,
serve aos parvos, e a quem me deseja entender
como gueto de todos os pedantismos.
Os moveis se entreolham incrédulos:
que língua fala essa gente?
Certamente não a que diz.
Com certeza, aquela que ensurdece...