ONZE DE SETEMBRO

ONZE DE SETEMBRO

Em onze de setembro o mundo mudou

Sem mostrar a grã norma que obedece

E espantado do sonho; não acordou

Da flama da guerra... estertor que emudece

Ódios concebidos no fundamentalismo

Cuja fé afirma testificar sua verdade

Numa adesão pessoal sem idealismo

Que carrega no coração... ferocidade !

Destruindo gente e prédios de valia

Incógnito vandalismo perpetrado

Sinais belicosos de ânimos que trazia

Em sua vingança o mouro havia planejado

Não dorme mais o povo, quieto, sossegado

No solo Afeganistão... debaixo tudo treme

Cuida o povo em defender o tresloucado

Semi alvoroçado, o povo humilde o teme

A seu jugo e lei, ao singelo submete

O mouro apátrida esconde-se no subsolo

Sem brandir a espada atrocidades comete

Em nome de Deus, num anseio louco e tolo

Essa moura gente insufla à guerra santa

Dando à morte na jihad os que engana

O triunfo nos céus promete e suplanta

Na profana religiosidade maometana

Que o supremo Deus, o Deus onipotente

Que fez o ar, o fogo, a água e o vento

Mostre o caminho certo, o rumo diferente

Para que o afegão veja luz no firmamento

O sangue que se derrama de gente sua

Convocados que são para a guerra santa

Injusto mando, cobiça vaticina crua

Gente empobrecida... que o mundo espanta !

Na pertinácia tenaz, vira escudo humano

O preço é a vida que perde sem sentido

Mas que paga sorridente o mouro insano

Pensando na ventura do reino prometido

O cérebro se fecha, o sangue se congela

Ao duro golpe a que fora oferecido !

Morre sorridente, o amor por Alá assela

Na mostra clara e firme o destemido

Por isso ao estridor do fogo inimigo

O clamor da jihad no combate é morte

Sua coragem é maior que o perigo

Aventura sua vida à própria sorte

Glória vã ! ufana, triste descomedida

Onde a fé o condensa e o impede de ver

Tolda sua mente, escurece sua vida

Cala seu desejo ao direito de viver

Mas o Deus que persegue em fúria insana

É o Deus manso, dócil, misericordioso

É o Deus que serve ao crente, atende ao profano

O Deus de amor, único, todo poderoso !

Onde está a verdade, onde está a mentira

Senão na consciência e no âmago de cada ser

Na cadência harmônica de vida, sem ira

No salutar congraçamento de viver.

Sendo o amor o lapidação da raça humana

Em sua crisálida está a essência divina

Que harmoniza e fecunda e não ufana

E aperfeiçoa o progresso da doutrina

Só nos salutares ensinamentos de Deus

Um Deus de justiça de retidão e bondade

O homem encontrará a si mesmo e aos seus

Conhecerá então a vera felicidade !

Em suma, se o Deus que os leva á guerra

Sem discutir os fanatismos exagerados

Se seus princípios são sagrados nesta terra

Os do adversário, não o são, menos sagrados.

Sua crença difunde conceitos limitados

Sem se submeter ao cadinho da reflexão

Se o fizesse veria um só Deus, alado !

O Deus de amor, da caridade e perdão

Mediante tal entendimento a humanidade

Chegará à crisálida do divino amor

Filosofia de vida em sociedade

Integrada, irmanada, sem rancor.

É que Deus é o mesmo para todos nós

Há quem negue nele, fé e amor no coração

Mas na hora do estertor, igual a nós

Clama, suplica seu amor e compaixão.

São Paulo, setembro de 2001

Armando A. C. Garcia

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