IMPROVISOS E OUTROS FEITOS
IMPROVISOS E OUTROS FEITOS
Falo de improviso
Mesmo sem saber o que
Nada é muito certo
Autêntico, direto ou preciso...
Falo pelos cotovelos
Mesmo de boca fechada
Ou pensamento aberto
Usando minha tara pela fala
Pra não ser descoberto...
Falo de forma desconexa
Mas com palavras bem usadas
De Eruditas a rebuscadas
Na fala mansa e pausada
No viés entre a singular letra
E a que soa bem e complexa...
Falo do meu certo e de tal errado
Pois não cabe a mim conjecturas
E nem a ninguém fazer o julgamento
Por todos os portos e amarguras
Torto e precipitado seria o momento
De acender a fogueira da Fritura...
Mais do que falo, eu faço
Antes do que ouço, eu berro
Por onde dói o calo, eu chuto
Por a donde vai o grifo, eu pinto...
Pois somos feitos para o improviso
Mal torneados e cheios de pontas soltas
Sem grande moldagem ou belos efeitos
Somos faltas de modos e de coragem
E carregados de sonhos insuspeitos
Ainda que seja a vida tão insólita paisagem
Somos em sendo ou não tão perfeitos...
Somos nossos ‘Sins e Nãos’
Já que de nossas improvisações
Somos os bons e maus feitos
Vamos da altives dos ‘sem noção’
Até a pequenez que nos corrói a alma
Com toda a força e falta de um norte
Já que pelo que improvisados somos
Fomos aqui nesse mundo
Jogados a própria sorte...