Um sombrero num canto de mim

Um gordo mexicano sentado no bar

Tem um copo de tequila como companheiro.

Vez ou outra mira o dono, Salazar.

Bebe, vai e volta do banheiro.

O sombrero impede a vista,

E ninguém vê a bainha vazia.

Embaixo da mesa, a faca arisca

De uma sede que nunca se sacia.

Vê uma briga de perros

E uma rameira indecente.

Los mira a todos en los ojos

E cospe saliva em cera quente.

No meio de tudo, um mariachi

Fere as cordas que gemem.

Fica a cena um total disparate,

Melodia das faces que fendem.

Num canto de mim, tudo isso

E o gordo não liga, não bole.

Enquanto a desordem me toma o tino,

Ele diz: Salazar, mais um copo,

Mais um gole.

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 08/09/2011
Código do texto: T3207613
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