Do outro lado do rio
E assim...
grandes besteiras que fiz...
Caminhei tanto e paro agora,
tão perto do fim,
sem saber como chegar.
Havia muitas pessoas,
muitas fotos espalhadas no chão...
músicas mortas,
risos eternos,
pessoas...
por todos os cantos.
Da casa restou-me o portão,
batido na cara,
com a chuva na mão;
não tenho mais chaves,
algumas coisas foram mesmo em vão.
É verdade...
não sei ainda se assim será...
Mas há coisas pra mim que jamais vão voltar.
Talvez seja mais feliz
no dia em que eu aprender a deixar...
deixar ir... deixar estar...
Há dias em que nada nos satisfaz,
há dias em que é preciso parar,
parar e ouvir o vento,
parar e olhar a chuva...
Do outro lado do rio.
Quando as coisas estão mesmo difíceis,
talvez, então, se deva pensar;
mas eu pensei muito todo esse tempo...
quando chegou a noite não havia mais o que sonhar.
Perdi pouco tempo,
talvez onze ou doze anos...
mas o tempo que não perdi,
esse também se perdeu.
Havia muito espaço por ali,
muito chão e muitos homens sãos...
sãos de verdade porque não se preocuparam;
eu me perturbei demais...
Restava-me o pó e chamava-me a voz,
havia uma voz que tentava cantar,
por medo claro hoje dorme ainda
seus últimos sonos antes de se libertar.
Liberte-a, menina,
faça sua voz nos chamar pelo nome;
as margens são fortes e o leito é extenso,
da lua se faz a água do sol.
Sim, havia tempo... tempo demais;
muitas coisas esperando para serem feitas...
mas o poeta não quis.
compreendeu que nada pode fazer
sem a permissão do vento
ou o desejo da lua.
Então, o que fazer?
Trancada aqui, nem preciso chorar.
O dia, hoje, parece estranho aos meus olhos;
se fosse noite, talvez pudesse cantar;
Sonhando tranqüila,
do outro lado do rio,