DESEJOS INSULTOS


Murcha a marcha do verão
esquálida em sua síntese
rútila na pompa do entrelace

escorridos solfejos
consciência dos desejos insultos
estimados de foices e fuligens
ameaçados na sua sina.

E eu? Quem era e qual
querência pertinente
me ensoberbecia?
Se, talvez, os olhos vagos
na linha infinita do
infinito ou vagaroso
vaga-lume da visionária
nos confins do horizonte

lento de lentilhas
o barco da vazante...

Expulso pelo espelho
dos artífices do tempo
era o sonho... um diáfano
vago de muitas cores
e formosuras na amplidão.

Aquele, outro, que
feneceu-se no tempo
lâmina escura
sedenta de paixão
parece que levava meu nome
na terra branda, quase afeita ao
leito do anjo e ao beijo do deus
parece que era eu...

Se não era eu
vagava pelas
voluptuosas
vorazes
das entranhas
abertas ao sol
solicitude de verão.

Uns cúmplices instantes
de intimidade com a eternidade
vasculham da vida vadia
- de muitas convulsões –
os murmúrios maviosos
de algum altar.
Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 17/12/2006
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