Alma adormecida
- Quanto de onisciente tem essa tardinha anoitecida...
Acolhendo a voz que a luz na sombra agita.
Adornando eternidade sobre imagens
Tão leves tão febris e tão fugazes.
Sonhar com efeitos de rubi.
Coletados do néctar volátil.
É fruto bondoso desse onirismo prático.
Transforma inverno desflorido
Em sutil lugar para um suave abrigo.
Dorme.
Dorme rua, dorme esquina...
A escuridão acende luzes na alma.
Tanto ao sonhar respira em sonho
O mais completo aluno
Feliz por decifrar tantos mistérios.
Na eterna vida de tão ternos anos.
De onde nascem rios... Mares...
Marés... Espaços adormecidos...
Espetáculos de suma alegoria.
Barcos enamorados pelo cais
Divididos ondulando apegos
Das ternuras e dos ais...
Ó luar verde, verde.
Gramaticalmente verde.
Verborragicamente azul...
Lázuli.
Para o luar verde, verde.
Dorme alma perdida
Na sombra que não é sua.
Dorme entreouvindo
O surgimento das cores
Na fosforescência das flores.