ENFADO

Nos últimos voares de ilusões,

perdi as minhas asas, os meus prumos...

Fumaças de venenos, crassos fumos

aos giros da verdade em turbilhões...

Matando minhas fomes, escorpiões

dos egos, suas sanhas, cegos rumos...

Sugando amargo suco, féleos sumos,

eu piso em estertores das paixões...

E o instinto de viver, nos dias longos

de enfado e insuportáveis pernilongos,

penetra-me nos poros, lancinante...

E atinge meus sentidos bobos, bambos,

vestindo-lhes retalhos e mulambos

para aguentar o sol dilacerante.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 05/09/2011
Código do texto: T3201493
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