Enguia
Criatura imprevisível, arredia
Serpenteia e se enrosca, finge-se de morta
Fecha os olhos para não ser traduzida
Faz-se de induzida, deita de bruços
Parece sonhar, disfarça e geme
Convida e treme
Lambe os lábios de prazer
Fecha portas e janelas
Encolhe-se friorenta
Pensa que não te conheço
Que não adivinho teu pensamento, o que tu queres dizer
Que perda de tempo
Eu bem sei quem tu és
Enganas o mar
E todos os marinheiros
Cantando como sereia
Sob o reflexo nas águas
Da lua cheia em agonia
Tu, Poesia