A "Fé da Puta"

Porque nem só de amor vive o poeta... A inspiração é inquieta...

Na esquina de duas avenidas, altas horas, já quase de madrugada,

Lá está ela, na lida.

Uma micro-saia que mal cobria o que leva ao alheio alegria,

Um cigarro entre os dedos, entre tragos inquietos, mostra a pseudotranquilidade de quem só volta pra casa bem tarde, ou quem sabe, amanhã cedo.

À beira de uma rua, de pé, cuja falta de pudor expõe suas pernas quase totalmente nuas, maquiagem pesada e uma pequena bolsa carregada de poucas coisas, lá está ela, a espera de uma cantada, do motorista desatento uma freada, e assim desfila ela como se estivesse numa passarela.

Se para alguns a noite é uma criança, para ela é o fio de esperança, de não subir a vida pela escada, mas pelo elevador que só eleva a dor de quem amanhã vai ter um história mal contada.

Olhar esguio, faça calor ou faça frio, quanto menos pano melhor, a vida não pode ficar pior... ...disse ela com tom de mulher impoluta... ... to na pista... ...tô na luta. É a “fé da puta”.

(fedaputa)

Céus do Oceano Atlântico Norte, 03/09/2011 (17:58h – Portugal)

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 04/09/2011
Reeditado em 05/09/2011
Código do texto: T3200749
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