Enquanto aguardam a MORTE!

Vagam pelas ruas

míseros corpos

desnutridos.

Alimentados por restos

que catam nos monturos.

Tétricos cenários

a emoldurar os dias.

Que seguem formando

caravanas de desgraçados.

Pobres...

Famintos...

Enlodados...

Infelizes...

No dicionário não encontrei

palavra que pudesse

definir tão negro espaço

cênico.

Na escuridão das noites.

Amontoados adormecem

sobre os lajeados frios

das calçados.

Enroscam-se em cobertores

ralos.

Na tentativa de fugir

do frio e de aquecer

o corpo gélido.

Dormem o sono dos miseráveis.

Enquanto dorme aquietam

a fome.

Em seus olhos lúgubres.

Escarnecem o presságio

da realidade da qual

não podem fugir.

Marcados pela sina,

do destino trôpego.

Definham-se, enquanto

aguardam a MORTE!

José Lopes Cabral

Nilópolis, 28/07/2000.