Dois de setembro
Nem mesmo a lua está lá,
então, pra quê lutei?
Tantas coisas nas quais eu acreditava
desmancharam-se como açúcar,
amargando a minha boca
e deixando-me insone na madrugada.
Eles são meus amigos...
isso é suficiente,
e um grande motivo.
Defendo minhas teses,
acorrento meus inimigos,
falo alto e falo pouco,
mas não abandono meus amigos.
Um dia eu estive perdida,
caminhei pelas ruas chorando,
bati na porta e ela se abriu,
e abraços se abriram pra me consolar.
Eles são meus amigos...
e eu realmente acordei nervosa,
e não vou engolir a injustiça,
e os que merecem terão a glória,
e a glória emergirá do mar dos afogados,
pois embaixo da salmoura
descansarão os olhos dos grandes e poderosos.
Seu poder não me submete,
sua arrogância não me desanima,
e a sua voz não me ensurdece
apesar dos gritos e dos gestos.
A sua podridão não fará perecerem
os meus amigos e a minha certeza.