[Choro para a Lua]

[Será que um dia saberei por que escrevi isto?]

No quarto invadido pela noite,

na cama banhada de lua fria e solitária;

sob os lençóis macios, suavemente perfumados,

retalhos de lembranças de horas de prazer...

Do vasto e silencioso quintal enluarado

vem o flap flap macio que o vento

faz nas roupas penduradas no varal —

Mas por que isto me angustia? Afinal,

é só um varal de roupas não recolhidas...

Lá fora, de lado a lado na rua deserta,

as sombras das árvores: fantasmagorias lunares...

Silenciados os passos, as rodas e as patas,

a pedras se orvalham, se emudecem, e dormem...

Nada, nada... da rua, o nada vem a mim!

Só, no meu quarto de abandono,

eu, louco, louco, abraço a lua,

e apenas choro a tua perda...

que é também a perda de mim!

E choro baixinho, baixinho...

quero sim despertar o meu jardim,

mas que os meus cultivares

não se molhem do meu choro!

[Penas do Desterro, 03 de setembro de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 03/09/2011
Reeditado em 11/09/2011
Código do texto: T3197773
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