Mundo cão
Dia de cão,
Noite de gatos,
Mulher nua...
Exposta na rua,
realidade crua,
Poderia ser a sua!
E vamos nós...
À margem, à mercê.
No vazio... vagando.
E os pobres coitados,
Sujos, rasgados,
Maltrapilhos, maltratados,
Miseráveis, desdentados,
Vivendo sei lá do quê.
Amando... odiando,
Se matando, sobrevivendo,
Calculando... desistindo
Do vazio do viver...
Crianças descalças,
Barriga vazia,
Sem ter o que vestir,
Sem brinquedos para distrair...
A fome!
Neste frio sangrento,
Neste cubículo nojento...
Em meio ao fedor de fezes, urina
Sem a água abençoada, cristalina..
Vermes devorando a barriga,
A mãe de barriga cheia...
aflita, vida maldita!
Sorrindo pra não chorar...
Eis a mentira do acreditar!
-- Ludiro / Benvinda Palma