TUDO MUDA
De longe se avista o mar.
As dunas são como um sinal para o viajante.
A lua se esconde lá.
O sol logo atrás adormece cansado.
As águas do mar dançam, não sossegam jamais.
Isso ocorre em toda a terra.
Homens e mulheres fazem filhos.
Herdeiros de um mundo feito por eles.
As mamas ensinam as meninas o valor que carregam.
Herança genética.
O mercado está repleto de mercadores do corpo.
Primeiro as novas.
As sem destino.
Em caixas como frutas raras, ou aves em extinção,
Viajam as filhas do Brasil, até saciar o perdido em seus pesadelos.
O Estado silencia ante sua omissão.
Gaguejam desculpas travestidas de ações sérias.
O céu estrelado de venturas mil escurece de vergonha.
As filhas da terra são mulheres, agora estranhas, feridas sombras de nossos guetos.
Desperta pátria amada.
Terra ensolarada.
Torrão de nossa vida.
Lar de nossos meninos e meninas.
Um jovem cresceu sabendo que tudo muda.
Tomou banho de cidreira e arruda.
Cresceu, virou homem.
Nada mudou por aqui, foi o que aprendeu.
Seu coração como uma flor, secou-se sem água.
A história continua na próxima estação, no próximo verão...