ESPIRAL




Por demais longe parecia
Por demais distante a caminhada seguia
Da menina, ouvia-se o canto
Sentiam-se as liras.

Dela, eu precisava crescer.
Com a voz embargada tantos versos tentei
Nos sonhos
Nas vicissitudes amargas

E mesmo assim
Essa presença sutil
Chegava, mas, às vezes, a alegria faltava

As dores não me bastavam
Nem todos os amores
Em expressão banal

Havia em todos um olhar aflito
Havia em todos um êxtase perdido.
Da humanidade colhi seus gritos
Dos conformados o silêncio amigo.
Poderia carregar a todos !
Mas ainda não estaria comigo!

Foi quando perdi o rumo,
Pensei.
Confesso, desisti!
Quem era eu
Para sentir e compreender o mundo?
Eu era ninguém
No mais absoluto silêncio.
Nenhuma palavra parecia ser minha!
Todas pareciam ser só a minha!


Parei.
Sentei.
Confesso, chorei!
Chorei por todos os versos que em vão entreguei.


Então, senti a Criança em meu coração...
Sem mais  silêncio a poesia me  trouxe uma palavra.


Ao sentir a poesia chegar
Somos todos como criança. 
Ela fala ao poeta simples que a ouve.
 Agora ergue-te.
Quando ela vier te falar
Senta-te e escreve.
Receba-a com serenidade, alegria e honra
Ao final da página
Uma rosa te terá sido dada
E seu perfume, transpassado em seu coração,
Terá dado consciência aos versos
Tu terás ouvido a Palavra
Reunida em um rosário.
Respeite-a
Adormeça o sono de um poeta
Enquanto a Poesia forma o pintor do retrato.


Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 01/09/2011
Reeditado em 03/09/2011
Código do texto: T3194475