***CONVITE AO VENTO*** Reed
Caminho na praia.
Acompanho o cantar das marés...
Sigo o vento carregando a areia em meus pés.
Descalça, liberta, sem pressa.
Dia frio, um arrepio gela a alma,
O coração segue a calma do dia.
Retina cinza – olho do céu,
Vento teima em rasgar o papel,
Quer espalhar meus versos.
O cabelo atrapalha a visão.
E um sirizinho passeia sozinho no calçadão.
Mais adiante, um casal de pingüins, troca carinhos.
Sempre aparecem nessa época do ano.
Um suspiro vai,
Uma onda vem,
E o sirizinho, nem aí pra ninguém.
Observo as pedras imponentes que rasgam ondas ao meio.
Destemidas, eternas...
Da areia fina o vento faz cortina, chicoteia minhas pernas.
Ah, vento, dá um tempo...
Sopre no ar a maresia dos versos que vim colher.
Leve ao ar o cantar do mar, a força das pedras,
O destemor do sirizinho,
Dos pingüins o carinho...
O mundo precisa tanto disso.
Vire brisa, eternize esse momento.
Sopre a areia do caderno, vem pro verso mais sereno.
Que o arrepio da alma, vire o pio da gaivota.
Limpe dos meus pés a areia,
Cante o canto das sereias, o canto do mar.
Construa um verso de amor.
Sinta a paz que o dia trás...
Espalhe essa paz pelo ar.