Falta de inspiração
Nove e meia da noite
Na vitrola um disco que não gosto
A inspiração não vem
Não sou poeta
Não sei brincar com palavras.
Meu eu poético é
Meu eu mesmo
Às vezes forte, às vezes raquítico
Lúcido, às vezes bêbado
Às vezes equivocadamente certo.
E como a inspiração
Ainda não veio
E pelo jeito não virá
E o disco na vitrola ainda toca
E já são nove e trinta e cinco...
Não sei o que dizer
Muito menos o que escrever
Sou descabido de indiscreto
Então escreverei, escreverei,
Até a folha acabar.
Você que lê esta coisa
Não me crucifique
Tolerância é um dom raro e quem
Tem não é rico; é superior.
E para que não gaste sua superioridade
Já vou parando que a folha tá acabando
E para que leve embora uma rima da hora
Nesta estrofe eu capricho que vai ficar o bicho
E na idéia estreita não fui capaz da rima perfeita
A folha acabou e a imaginação não chegou.