Falta de inspiração

Nove e meia da noite

Na vitrola um disco que não gosto

A inspiração não vem

Não sou poeta

Não sei brincar com palavras.

Meu eu poético é

Meu eu mesmo

Às vezes forte, às vezes raquítico

Lúcido, às vezes bêbado

Às vezes equivocadamente certo.

E como a inspiração

Ainda não veio

E pelo jeito não virá

E o disco na vitrola ainda toca

E já são nove e trinta e cinco...

Não sei o que dizer

Muito menos o que escrever

Sou descabido de indiscreto

Então escreverei, escreverei,

Até a folha acabar.

Você que lê esta coisa

Não me crucifique

Tolerância é um dom raro e quem

Tem não é rico; é superior.

E para que não gaste sua superioridade

Já vou parando que a folha tá acabando

E para que leve embora uma rima da hora

Nesta estrofe eu capricho que vai ficar o bicho

E na idéia estreita não fui capaz da rima perfeita

A folha acabou e a imaginação não chegou.

Carlos H F Gomes
Enviado por Carlos H F Gomes em 15/12/2006
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