Cidades
As ruas estavam iluminadas pelo sol que escaldava os dias...
Havia curvas... Rastros e novelos de lã que rodeavam o pescoço...
Contradições de um clima... Cismas.
O envelope rasgou vazio... Dizia palavras que nunca foram proferidas de aquela maneira... eram vícios.
A cidade cinza acorda-me para entrar nas filas... Nas andanças noturnas... No arrebentar os tímpanos com o silêncio gritante.
Olhei pela fresta que abri o cortinado olhar de quem tem pressa... Tantas horas passam... Mas quando seria a hora certa?
Pela primeira vez, aguento o NUNCA... O arrepiar dos pés à nuca... o olhar os ponteiros de uma cidade que cria monstros... Alvoroços de sentidos... Brilhos e brilhos.
O homem precisa ser o que se costuma dizer?... Acredito que a falha está em não saber onde esconderam as suas sandálias firmes.
Talvez estejam no cofre da acomodada Instituição... Talvez na rebeldia da veste rasgada por tantas contradições.
As luzes brilham e brilham... Posso colhê-las em infinitos.
As cidades são fadas de mentira... Rodeiam-se de luzes e cores... Brincam com espaços e tempos... E, depois, sabemos qual o verdadeiro efeito.
Moldo-me ao rascunho de uma lâmina... Contorno e moldura de dois corpos diante do espelho.
E fecho as cortinas das pálpebras embebidas no cálice da noite...
Dormimos em conchas de retalhos...
12:12