Desabafo

Pelas estradas da vida caminhei

Profundas marcas me deixou

Somente agora as percebo

Pelo peso de tanta dor.

No seara não plantei,

Sede e fome sinto agora

Por migalhas procurei

Justificar o desamor.

Quantas vidas magoei? Nem sei!

Um coração sem amor

Que nunca deu valor

Por um gesto de carinho.

Em pedra me transformei

Desgastada pelo tempo

Pelo tempo e o vento

Minha face ele queimou.

Procuro a Deus não encontro

Não sinto mais seus desejos

O pouco que tinha não sobrou

Sou miserável, sem valor.

De promessas vivo agora

Nos tropeços dou mais valor

Para justificar meus erros

Vivo num mundo sem pudor.

Minha vontade e de voltar

Ao passado para justificar

Meu primeiro erro? Talvez,

Fosse melhor não ter existido.

Sou comparado a uma figueira

Sem folhas, sem frutos

Nem sombra produz agora

Só me resta à esperança.

De que alguém em seu coração

Tenha compaixão de mim

E minhas raízes refrigerem

Para a vida brotar

Oh! Senhor escute meu clamor

Tu conheces as minhas misérias

Torná-la-ias em delicias

Num milésimo instante do tempo

Endireiteis minhas veredas

Minimizeis vossas mãos

Meus ombros já não suportam

O peso de toda a provação

Desejo estabelecer a vontade

De praticar somente a verdade

Longe de mim oh falsidade

Foste tu que me quebrantaste.

Sinto um ardor em meu peito

Meus olhos se abrem, posso ver.

É preciso recomeçar

E ser feliz novamente.