DOCE PERDIÇÃO

DOCE PERDIÇÃO

Moa-se a cana caiana

Movem-se as roldanas

O suco verde e gostoso

Escorre até o tacho de cobre

Mexe-se com jeito nobre

Para deleite de gente bacana

Faz-se assim a garapa

Que logo se cristaliza e não escapa

Vira doce de gosto forte

Duro que nem a morte

Faz-se a tal rapadura

Que no meio daquela quentura

Poucos entendem o porquê no norte

Não é doce e sim a sorte

De muita gente humilde

Que desse doce come ralado

Alimenta-se e ganha energia

Aqui no sul que maravilha

Chega-se ela em forma de bloco

Serve de doce e pra açúcar

Pra adoçar café amargo ou minguado

Mas o que mais doce não é se o seu ponto

De quentura que faz você em eu parecer

Minha doce menina da rapadura

Que desejo um dia provar assim pura

Pondo-te em minha boca molhada

Deixando você derreter tão açucarada

E por muito tempo sentir teu gosto tão bom

De esse nosso intenso viver corriqueiro

Quero dessas lembranças delicadas ser o carteiro

Eu nunca mais teu gosto em mim se perder

Pois você é meu doce e minha amada

Quero que seja dura, mas a mim ser a florada

Amoleça-me e faça-me criança

A brincar com teu doce em meu desejo

De ser também totalmente doce um dia

Eu um fio de rapadura e esperança...

As lembranças de infancia minhas e de minha amada Clara Luz e doce Clara

Arqueirorj
Enviado por Arqueirorj em 29/08/2011
Reeditado em 29/08/2011
Código do texto: T3188980
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