CHUVA DE SONHO

A chuva de verão cai refrescando o ar.

Pelo telhado vai.

Instiga-me a escrever

(sou vencido pela desídia)

Traz também o sono com sua monotonia:

canção de ninar

o sono vem calçado

de meias macias sem

fazer estardalhaço

só os pingos gotejam em percussão profunda

finos e grossos finos e grossos finos e grossos

ritmo de doce valsa

sonolência

quero ouvir esta orquestra afinada

psiu! Straus está dançando

si . lên. cio. si. lên. cio

evocações de cenas

despertam saudades

os olhos embalados

a sedução auditiva

da chuva cede lugar

às visões surrealistas

vencido pela canção

embarco-me no sonho

a. dor. me. ço

Não vi a hora que a chuva parou de cair

acordei assim

como quem não quer

Despertar

A chuva se foi

Levou consigo

a canção

o sono

o sonho

e a

saudade embora.

L.L. Bcena, 26/01/2000

POEMA 340 – CADERNO: ROSA VERMELHA.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 29/08/2011
Código do texto: T3188706
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