CHUVA DE SONHO
A chuva de verão cai refrescando o ar.
Pelo telhado vai.
Instiga-me a escrever
(sou vencido pela desídia)
Traz também o sono com sua monotonia:
canção de ninar
o sono vem calçado
de meias macias sem
fazer estardalhaço
só os pingos gotejam em percussão profunda
finos e grossos finos e grossos finos e grossos
ritmo de doce valsa
sonolência
quero ouvir esta orquestra afinada
psiu! Straus está dançando
si . lên. cio. si. lên. cio
evocações de cenas
despertam saudades
os olhos embalados
a sedução auditiva
da chuva cede lugar
às visões surrealistas
vencido pela canção
embarco-me no sonho
a. dor. me. ço
Não vi a hora que a chuva parou de cair
acordei assim
como quem não quer
Despertar
A chuva se foi
Levou consigo
a canção
o sono
o sonho
e a
saudade embora.
L.L. Bcena, 26/01/2000
POEMA 340 – CADERNO: ROSA VERMELHA.