Palhaço...
Palhaço
Desafogue as tuas mágoas...
Faça com que a platéia
Deslumbre em gargalhadas,
Faça com que os expectadores
que te cercam.
Vibrem em alegrias
Extasiantes...
Insensatas...
Delirantes...
Esconda as lágrimas retidas
Em tuas entranhas.
Faça brandir no íntimo,
Na essência da platéia a hilaridade.
E nos corações dos oprimidos,
Desventurados e acirrados pelo apetite.
Os aplausos enfurnados, enforcados,
No cadafalso de seus destinos.
Faça balançar a tua alma
Cansada dos ínfortúnios,
Cansada dos risos ilusórios.
Faça viandar em risos fartos.
Abotoados, uníssonos ao da platéia.
Também a tua ledice, o teu júbilo!
Deixe que grite em teus olhos
Cansados, ofuscados, iludidos!
O brilho deslumbrante
Do primeiro instante de vida
No anfiteatro do mundo
Palhaço!..
Nilópolis, 12 de junho de 2002
Autor José Lopes Cabral