Conta gotas

Preso, numa caixa, contei.

Esperei encher até a boca.

Todas as gotas esgotei.

No fim, era eu o conta gotas.

Pingou em minha testa e meu ventre

Treva de pálpebra sólida

E, moldando minha caixa guarda mente,

Se estremece e mexe tão eufórica.

Se chama vida essa vela tão curtida.

Gasoso pensamento tão influxo

Que morre toda hora, todo dia

Acompanhando a percussão do líquido curso.

Até morrer pra todo o sempre,

Ou se vive pra contar os pingos

Ou se enxergue um pingo quente.

Se nasceu pingo, conta

Pelo chão a fora.

Mas se quiseres, apronta

E, pela vida, jorra!

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 26/08/2011
Reeditado em 26/08/2011
Código do texto: T3183815
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