Conta gotas
Preso, numa caixa, contei.
Esperei encher até a boca.
Todas as gotas esgotei.
No fim, era eu o conta gotas.
Pingou em minha testa e meu ventre
Treva de pálpebra sólida
E, moldando minha caixa guarda mente,
Se estremece e mexe tão eufórica.
Se chama vida essa vela tão curtida.
Gasoso pensamento tão influxo
Que morre toda hora, todo dia
Acompanhando a percussão do líquido curso.
Até morrer pra todo o sempre,
Ou se vive pra contar os pingos
Ou se enxergue um pingo quente.
Se nasceu pingo, conta
Pelo chão a fora.
Mas se quiseres, apronta
E, pela vida, jorra!