RUGAS

RUGAS

Carmo Vasconcelos

Em cada ruga houve um caminho percorrido,

Em cada estria outra jornada sem avesso,

Marcas de um tempo irreversível e pregresso,

Fundos sinais de antigo carma já vencido.

Todas afago sem revolta e sem lamentos,

E bendizendo-as me desdobro em oração,

De alma ora leve e apaziguado coração,

Grata e liberta de penhores e tormentos.

Esculturais sulcos divinos a lembrar

Que o purgatório tem morada permanente

Aqui na Terra onde se saldam fatalmente

Dívidas cármicas deixadas por pagar.

Outrora filhas de actos vãos, irreflectidos,

As minhas rugas, mais que contas liquidadas,

São no presente as mães de luz, purificadas,

Destes meus versos, de pecado redimidos.

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Lisboa/Portugal

1/Fevº/2010

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 26/08/2011
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