O princípio das retinas das gaivotas
De total submissão à natureza que nos formou da mesma porção de barro e, em seguida, lançou as partículas aos ares das eras.
E te amo tanto. E confesso que sinto seus lábios tocando os meus com uma sede inextinguível. Leito de rio crestado.
O beijo é como um pássaro cujas asas são, uma a vida; a outra, a morte.
Sinto em meu corpo as suas mãos e em meus poros a respiração sussurra seu nome. Os nossos corpos se tocam e nos sentimos deuses.
Vivemos a música e o vento. Somos astros e longínquos desertos. Somos reis e somos lírios. Somos da morte a vida dos círios.
Somos a felicidade sobre os escombros, a Criação sustentada pelos ombros. Animais poderosos e eternos. Os campos de nuvens. O azul e as tintas do alvorecer. O princípio das retinas das gaivotas.
Somos grandes navios na tormenta, somos nos rios as velhas galeotas. As nossas mãos estão inseparáveis.
Os nossos olhos têm um mistério impenetrável. E os nossos cabelos são os dedos dos temporais, são pássaros pousados nos varais. Carne do espírito, caminho inarredável.