Ancoradouro

Desconhecido ancoradouro

abriga-me em teu regaço,

pois fujo da maldade

do Mundo.

Outros portos

já tentei,

noutras praias

já parei,

mas em cada qual

só encontrei,

a alcatéia

que me devora

pelo adiantado

da hora.

Já peguei em arma

e nunca atirei;

quis ser rico,

mas sempre falhei;

quis ser culto

e de nada sei.

Agora, noves-fora,

carrego o que fiquei.

Vou levando a vida

em busca

da porta de saída.

Quem sabe noutro

Espaço,

a história se inverta

e eu consiga fazer

o que aqui, só pude dizer.

Ancoradouro desconhecido,

abrigue-me em teu cais.

Quem sabe noutro Tempo,

a vida seja mais.