A bailarina

Quantas flores pisei,

quantos medos suportei calada,

por não haver solução entreguei-me ao inimigo,

a minha cabeça rolou pelo chão poeirento,

não houve tempo de dizer que...

Não houve tempo, mas eu quis dizer

que gosto muito de você.

Hoje, apesar de ontem,

ontem, apesar de amanhã,

se eu vivo do passado,

em vão luto pelo futuro.

Você não me conhece,

não ouse dizer meu nome;

as coisas podem voar

e as pessoas podem rastejar,

se o sonho que você vive é doce,

cuide de seus dentes...

que a flor é muito bonita

e o espinho muito sábio,

não ouse odiar.

Apesar da força que não encontro,

luto.

Sou uma bailarina num palco azul,

sou o vento atravessando uma pintura inacabada,

sou a deusa e a escrava;

em lugar de sonhos,

ficaram medos...

e destes, quem irá me salvar?