Vinicius
Rio, 10.03.11.
Vinicius.
Meu caro Vinicius de Moraes,
me veio agora saudades dos
teus versos imortais,
das tuas canções de amor demais.
Me fazes sentir saudades
do que não vivi, do que já no teu
futuro não se vivia mais,
do tempo feliz em que era como se
a dor doesse em paz.
Não conheci tua garota de Ipanema,
nem desfrutei da tua estética zona sul,
sou filho da zona oeste
e vizinho de Bangu,
a mulher que inspira hoje
meu coração é uma garota de Aracaju.
Meu caro Vinicius
não somos em nada parecidos,
não bebo, não fumo e a beleza
pra mim nunca foi assim tão fundamental,
pois é, acho que você me
acharia um tremendo careta.
Mas e dai? não é na personalidade
que coincidimos, nem na
simpatia pela boemia,
a gente se homogeniza
na linguagem da poesia
e na nostalgia de contemplar
um cantinho de mar e o redentor,
e também meu amigo,
naquela sua certeza que me contagiou
de que é preciso acabar
com essa tristeza,
é preciso inventar
de novo o amor.
Clayton Marcio.