Suicidado
Uma caravana de lágrimas desce
Uma a uma
Pelas minhas têmporas
E fazem poças nas cavidades
Das minhas orelhas.
Sabe tu, que me aconselha
O que é ter alma?
Sabe tu, que de mim desdenha
O que é senti-la toda na forma
De excruciante dor
Que não dói
E sim
Sufoca?
Já se pegou sozinho num cômodo frio e escuro
E sentiu a imensa e pesada carga de Vazio
Que preenche
Seus dias
Suas conquistas
Suas derrotas
Sua Vida, enfim;
Já?
Coletei com a ponta do dedo uma dessas lágrimas
E a depositei sobre uma balança
E a apatia
Não me deixou atinar com o fato
De ela pesar uma tonelada
De pesar.
Meu destino
Meus fracassos
Meus progressivos desentusiasmos
Todos dentro de uma gotinha salinizada
Posta de um lado da balança.
E do outro lado da balança
Sopesando de forma igualitária
Um pedaço de ferro apenas
Com uma única bala dentro
E um milhão de possibilidades
Depois.
Depois de um macio e libertador
Estampido
Ressoando por fração de segundos
Em uma dessas duas orelhas
Alagadas.
Alagadas por lágrimas que eu não pedir para ter
E que não cessam
Em escorrer.
24/08/2011 - 20h22m