XXIII
que dor é esta que me toma o peito
e me consome a vida lentamente?
embora grande não me leva ao leito
é dor gigante a me deixar demente
eu que já tinha tudo por desfeito
vi-me tomar os dias a dor pungente
toda ela que já me havia eleito
o dono seu quase instantaneamente.
é dor de amor de ódio morte ou vida?
quem há de me dizer pro meu consolo
par’eu sentir a dor menos doída?
e vem alguém dizer que é do passado
vestígios de um amor mal concebido
a dor que há de me deixar curado.