RENASCIMENTO
Nascida do ventre que tudo cria, parto místico que os sentidos domina,
viajante das asas que tudo carrega, meu espírito em vôo se entrega
a dor guardada pelo mistério da cura encontrada nos fragmentos do tempo, espera que angustia na ausência do espaço que minha alma acorrenta.
Destôo entre espectros dos sentidos prometidos!
Lei maior determinando a vida em atos ritualistas onde a força impera,
torna livres seus filhos na mentira com a qual são sustentados,
olhos vendados por imposturas repulsivas ocultando-lhes a luz que em brados se manifesta,
ecos mudos sobrevoando o mundo pelos vértices sombrios onde a morte é funesta.
Fecho-me reclusa na intuição desmedida, viajando mundos, invadindo fronteiras.
Projeto-me em luz estilhaçando cadeias, aniquilamento das correntes que me prendiam aos limites do tempo,
fúria dos ventos recriando a criação da vida em novo nascimento.
Brada em lirismo a nova criatura
que em ritos harmônicos recria o universo onde a morte se mantinha,
fagulha a espalhar-se pelo céu de noites negras
refazendo o firmamento das almas ainda presas aos falsos credos onde a ameaça é contínua.
Espalha seu canto em luz, concepção pura parindo vida no rompimento com a morte que antes oprimia.