Marylin Monroe
Um sopro de Deus se movimentava sob o fio daquelas pálpebras
E o que havia naquele olhar fugiu da cova imunda
Da pele brotaram lírios de seus gestos de amor
Na aura da face profunda e bela o segredo se interpunha
A fatalidade se escondia sob as pétalas das unhas
E o sussurro naquele olhar era a escuridão das profundezas do mar
Ali estavam os navios, as pérolas
Velhos tesouros intactos
Em seu corpo o prazer em carro apocalíptico
Flor de perigo e totalidades
Amou até mais não poder
Tão menina, pura
Não sabia que o sorriso e os dentes abriam aos lobos famintos
As solenes portas do esplendor da obra do Criador
E os lobos a chacinaram
Levaram-na pelos becos da sordidez
Lamberam sua carne translúcida
Rosa e mártir da sensualidade
Voluptuosa criatura sob a pedra fúnebre
Diante dos que se banquetearam do sopro de tuas pálpebras
E gozaram nas tuas unhas de primavera
Beijaram e lamberam as pérolas de tua arcada dentária
Línguas dementes de feras sanguinárias
Até que a viram nua e desprotegida
Não eras Inês, mas enfim estavas posta em sossego