Além do nada
Não sai poesia de mim,
não faço das rimas um fim
não tenho alma poeta
oposta, omissa quieta.
Rascunho a vida inteira
tentando tornar verdadeira
a fala que acalenta e tenta
calar a dor que arrebenta
Caminho no sentido oposto
tapando, escondendo o rosto
corro em direção contrária
em fuga da vida ordinária
Mas ela me tem nas mãos
e convivendo com os nãos
cegos torturando a alma
que segue em busca de calma
Edito, corrijo, crio, repenso
desfazendo esse nó tenso
que leva ao topo da escada
e termina além do nada!