ÁSPERA ESPERA

A mãe, no exíguo espaço

da demência senil

– aos gritos e gemidos –

vai se construindo

rumo à dimensão definitiva.

Os que ainda ficarão por algum tempo

imaginam-se.

A vida é drástica.

E a espera: áspera.

Criado e misericordioso,

o deus faz de tudo por todos.

O espiritual assiste.

O corpo resiste.

Dona Paciência aguarda o chamado.

O desenlace tem algo de mórbido.

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/3177876