A Senhora dos Ais
A dor retornou
ao seu antigo lar.
Ronronando macia
Sublime a cantar
Insistente, incisiva
Com seus dedos, lasciva
Minha espinha a tocar.
Pelas costas caminham
meus dedos ansiosos
e exigentes, pressionam.
Mas desistem, omissos
quando chegam aos ossos
porque nada encontram.
O discurso ouvido
de um orgulho ferido
em simplório ramal
foi a chave que abriu
em minh'alma viril
o escuro portal
por onde a Triste Senhora
pôde, então, adentrar.
Mas a língua calada
e a moral vigiada
seriam como o portal
de aço fundido
que teria impedido
a Senhora dos Ais
de alastrar seu ardil
nos nervosos varais
da minha carne senil.
Agora é tarde.