A TIRANA (Marco Aurelio Vieira) / TRISTEZA INDEVIDA (Jacó Filho)
Com fardos mui pesados sobre os ombros,
vou percorrendo o meu destino fero...
Atado aos tons escuros dos assombros
que cingem minhas ânsias com esmero...
Eu tento achar as chaves nos escombros
desses porões de desviver severo
e prosseguir, enfim, sob os ensombros...
Alívio, paz, eu juro, é o que mais quero.
Mas a vilã brutal, nefanda, insana
que sempre dominou-me a vida inteira
com sua adaga, a faca, desumana...
Jamais vai me deixar, cruel ceifeira,
ditando perdas, pranto, a vil tirana
tristeza, inseparável companheira.
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Obrigado, grande poeta e querido amigo JACÓ FILHO, pela gentil e bela interação:
TRISTEZA INDEVIDA
Eu não sei qual o momento que ela cisma,
Mas se escuta quando a minh'alma chora,
Chega, se instala, e não vai mais embora...
Não resisto das tristezas, tantos carismas...
Procuro razões de ser, numa mente vazia,
Pronta pra receber o que há de mais belo...
Mas na mesa do juiz, batem um martelo,
Com a trilha de espinho que me sentencia...
Revi meu passado, mas achei tão perfeito
Que um sorriso discreto, cobre meu rosto...
Então vem a tristeza aliada aos desgostos...
Numa curta prece, digo ao Pai que aceito,
Se souber em qual vida, foi o ato suposto...
E os sais das lágrimas impõem todo gosto...